A verdade em si é uma semente germinadora de traições. Ninguém, ou pelo menos pouquíssimos seres suportam a verdade. Eu sou um desses seres "insuportantes"...Veja, enquanto estou aqui lamentando por meus "leves" infortúnios, vagam por este mundo infame milhares de almas desprovidas de qualquer conforto. Isto eu sei, porém não aceito.
Condeno nossa conduta pútrida, nós burgueses nos escondendo em nossos castelos escandinavos,encenando uma vida insatisfeita para uma corte de maculados inergúmenos que nos cercam e assim progredindo no caminho do total regresso. Aprendemos a subestimar nossas próprias virtudes e dos nossos princípios tecemos uma teia cinzenta. Esculpimos um mundo conforme nós somos, não para admirá-lo, mas para dominá-lo e por fim sentirmos a personificação do poder e o corpóreo entorpecimento que o mesmo nos traz.
Eu sou alguém cercada de honras e traições, mas o que mais me degrada é exatamente essa podridão sentimental que criamos para com nossos semelhantes. Não defendo em hipótese alguma qualquer tipo de massificação. Mas o flagelo das nações é algo que vai muito além da compreenção e dos desvarios infantis de qualquer um aqui, que está confortavelmente acomodado em frente a uma máquina desenvolvida para pensar por nós.
Não passamos fome nem frio, não presenciamos a morte brutal de nossos consanguíneos e muito menos precisamos tolerar a injustiça. Aprendi e sofri com a força de uma acusação, de alguém que fala sem pensar o mínimo necessario antes. Mas foi essa força que se auto-aniquilou, diante de sua inferioridade perante a vida como um todo.
Devemos resgatar os enfermos de nosso sistema e dar-lhes água e comida, amor e ideais a serem seguidos, contestados, difundidos ou deteriorados. Por um mundo menos humano - a desumanidade é uma dádiva da razão - e menos terreno é que invoco a mão da morte aos ideais corrompidos!
[Sábado, 08 julho de 2006]
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