16 de mai. de 2009

Epítome

Seria bom viver
Cada exagero recém-liberto
Que horas vivo em horas que me consomem


Seria bom dizer
O que é certo
Porém o que me há de correto
Tomo-te como incerto
E assim segue, então

Seria alguém menor
Tais quais as vertigens mundanas
Apenas um, quem sabe uma
Uma tarde destas
Seria bom

Séria, a colher flores
Eu que gosto de flores
Mas as rosas não gostam de mim

Eu, somente colho dores
Nem mesmo sei se as são a mim
Tais cores, e dores e flores...

Queria desmistificar
O sentido ilógico do que sinto
Eu sinto...
Não sabia e não mais sei
Apenas minto

E sou algo atravessado
Num baile, em máscaras
Fantasiado de não
Ou não me fantasio de mim

Ego, ego, ego
Nego-te qualquer ligação
Tedioso e cético
O teu tédio

Pois ego tem quem existe
E eu não estou aqui
Nem tampouco escrevi isto

Aqui falam os hormônios
E conseqüências naturais do meio
Aqui falam intrigas
E linhas negras materialistas

Sinto que não devia dizer
O paradoxo que te felicita
Sinto que não digo
Pois não sei disto
Nem digo "mesmo" a mim

Inutilmente escrevo e escrevo e descrevo
Borro minha vida bóryca
E com ela engano minha fome de não saber

[Sábado, 09 dezembro de 2006]

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