Foi a última coisa que ouvi antes de descer do ônibus. Saí de lá em estado de êxtase, tamanha importância do fato que acabara de presenciar: um culto (protestante, provavelmente) dentro de um ônibus; e daqueles lotados!
Não que a prática seja novidade. Acho que muita gente já teve a oportunidade de ver - e obrigatoriamente ouvir - aquele pessoal bem vestidinho, com a voz de besouro rouco, falando, ou melhor, "pregando" a palavra de Deus.
Mas o que me chamou a atenção hoje - durante os 20 minutos do caminho de volta da universidade pra casa - foi que contávamos até com a presença de um violonista, como todo "bom e velho culto novo". Um dos "irmãos" ali presente (provavelmente algum aluno de História ou mesmo Filosofia, a julgar pela linha de argumentação) tomou as dores - e a coragem - dos demais" irmãos e irmãs" presentes e se pôs a argumentar contra o "pastor".
"Você tem que considerar que tudo tem lugar apropriado; e aqui não é lugar pra isso que você está fazendo. Fanatismo religioso é doença; e você está [muito] doente" disse nosso "anticristo salvador"(ele não era anticristo de verdade; só digo isso pra dá um impacto no nome da "oposição").
Muita gente se pôs a rir, inclusive eu. Não que eu desrespeite o fanatismo alheio - que é isso, longe de mim! - mas a resposta pra argumentação de nosso descontente foi muito boa: "Mas Jesus te ama!"
E assim ele respondeu as outras inúmeras criticas - verdadeiras pérolas da retórica que deixariam Platão no chinelo de um estagiário de jornalismo. O cara do violão sempre calado. Na dele.
Dali em diante, virou besteira.
Depois de sua voz de besouro rouco se render ao cansaço, o bom pastor disse que já estava guardando sua bíblia e pediu que todos o olhassem - como se precisasse pedir!
Rolou aquele silêncio de alguns "meios" segundos, porque o ônibus estava parado, não lembro se foi em um ponto de ônibus ou diante de um sinal vermelho. Então o pequeno pastor começou a cantar... Nem preciso dizer que tipo de música, nem tecer comentários sobre a afinação do moço.
A multidão se desmanchou em gargalhadas, inclusive eu. O cara não desistiu mesmo! E ficou lá de boa, como quem acabara de ser aplaudido.
Sei que ele falou, falou, falou [...] e falou. O anticristo desceu na UESPI e o culto perdeu a graça. No final, o pastor distribuiu uns pequenos panfletos. Não recebi, porque desci pela frente do ônibus. Mas tive a oportunidade de ouvir a primeira linha do textinho que dizia "Jesus está [de saco] cheio de [seus] admiradores." E Ele deve tá mesmo, bem como a galera do ônibus, o anticristo... Inclusive eu.
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Imagem: peace.mennolink.org
Pensei que, no final, o cara do violão iria tacá-lo na cabeça do anticristo, a biblía ia voar na testa de alguém, talvez do cobrador, coisas assim. Pelo menos o desfecho foi pacífico e divertido, até. =)
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